Lembrei hoje uma
coisa que escutei do meu pai há muito tempo. Eu devia ter uns 6/7 anos, estávamos
do lado de fora da casa. Nós morávamos em uma granja e o céu sempre parecia
mais estrelado e bonito do que o da “cidade”, por mais que a granja ficasse dentro
da cidade. Ele estava chorando, e me chamou, olhando para o céu, apontou para
uma estrela e disse que se um dia eu me sentisse só ou que ele não estivesse
perto de mim eu olhasse para aquela estrela, ela seria ele olhando por mim em
todos os momentos mesmo distante. Ele me fez prometer que eu fizesse isso. Eu
prometi. Foi um dos momentos mais bonitos e simples que compartilhei com meu pai.
Comecei contando está história porque ela é o marco principal do meu fascínio
pelas estrelas.
Por mais que não tenham
luz própria, as estrelas são astros que sempre me chamaram atenção. Quando
pequena passava horas olhando o céu e as estrelas. Eu sempre fui bastante
curiosa em aprender e comecei a pesquisar as constelações e ai veio a
concretização do meu fascínio. Porque cada constelação carrega uma história e
às vezes mais de uma dependendo do lugar. Dentre elas, as constelações dos
signos e as histórias, da mitologia grega sobre elas, são uma das minhas prediletas.
Uma delas a de escorpião traz uma constelação a mais na mesma história. A
constelação de Orion(a minha predileta) é a história de um grande caçador e
amado de Ártemis, deusa ligada a vida selvagem e a caça.Ártemis tinha um irmão
gêmeo Apolo que morria de ciúmes da irmã e não aceitava o seu romance com
Orion. Apolo armou uma grande armadilha para os dois, certa vez quando se
encontravam em uma praia Apolo desafiou Ártemis a atingir, com sua flecha, um
ponto negro que indicava no mar e que mal se distinguia. Ártemis nunca negou um
desafio, toda vaidosa, prontamente lanço a flecha e atingiu o alvo, que logo
desapareceu no mar, substituindo o local que estava por espumas ensaguentadas. Era
Orion que ali nadava, fugindo de um imenso escorpião criado por Apolo para
segui-lo. Ao saber do desastre Ártemis cheia de desespero, conseguiu do pai
(Zeus) que a vítima e o escorpião fossem transformados em constelações. Quando
a constelação de Orion se põe, a de escorpião nasce, sempre o perseguindo, mas
sem nunca alcançar.
É ou não é
fascinante? Fiquei muito chata um tempo, não precisava nem me perguntar, já ia
eu mostrando a constelação no céu e contando sua história. Parecia criança
pequena quando aprende palavra nova, não consegue parar de repetir. Hoje em dia
me encontro numa fase terrestre, mas não perco a oportunidade de ler mais histórias
sobre as constelações em diferentes partes do mundo.
E confesso que ainda
espero morrer e virar uma estrela brilhante.